segunda-feira, 25 de abril de 2011

O amor tem política? Tem política no amor?

(dedicado aos cravos)

Comecemos pelo que toda a gente sabe: O amor chega e ocupa tudo: o céu, as estrelas, a própria via láctea, os caracóis do quintal, as prateleiras do supermercado e os cabelos da vizinha. Entretanto, manda o FMI ir pastar urtigas. Tem até o seu quê de Maria Antonieta: Não há pão? Comam bolo! para ser depois antagónico: recusa a obsessão, a opressão, as classes e as castas. Ocupa a rua como ninguém.

(o amor é mágico: ouço-te a voz, meu amor, e viro borboleta. eu, que toda a gente sabe que sou pássaro)

O pessoal é político. O pessoal é económico. O amor é político, mas não económico (é um mãos largas). É revolucionário. Até a dormir, é utópico. É justo, mesmo quando nos parece injusto. Dói porque nos rouba a roupa, as máscaras, os hábitos. A violência não é amor. Nem o ciúme ou a posse. O amor não é para sempre, sorry. Tem, coisa tão simples, essa possibilidade.

Dois parágrafos depois reparo que praticamente só escrevi sobre o amor. Vou à procura da conexão para começar a falar de política. Não está fácil. O amor é político, mas à política de todos os dias na assembleia, por exemplo, falta-lhe amor. Falta-lhe essa coragem. A política do amor é apartidária e não vota, embora não seja impossível que seja democrática. Ou talvez o amor seja anarquista, quiçá... Eu diria até que poderia ser socialista, mas nunca fascista. Monárquico, jamais. Será o amor ideológico? Haverá, nestes dias que correm, a possibilidade do amor se ter tornado liberal, ou neoliberal, e estar a invadir o mercado desreguladamente? Aí teríamos de pôr um preço ao amor. Capitalizá-lo. Transformá-lo em acções. Pô-lo na bolsa. Verificar a sua viabilidade através das agências de rating. (Assusto-me: Poderá o amor entrar em crise???? Auch!!). Acho que já me arrependi de ter começado a escrever este texto... Só tenho perguntas e não vejo maneira de o concluir...

Por isso, como um intervalo, deixo-vos com uma música que fala de amor como se falasse de política. E fica em aberto a possibilidade. 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário